domingo, 30 de agosto de 2015

O DESAVERGONHADO



O DESAVERGONHADO



Estava eu pensando a ler poemas

Quando me deparei com um sentimento.

Como é chato alguém que se põe

A fazer poesia sem mostrar-se de fato.



Fica dando voltas

fazendo firulas

com sons e rimas

procurando trocadinhos

por vezes até belos,

mas não sai do trilho.



Não demonstra o que diz

se furta do ato

vê-se claramente que carece

de sinceridade,

assim me parece.



Quando escrevo por vezes

vejo-me perdido em explicações

Eu me recordo

um colega que um dia me disse

quando falta inspiração

sobra a explicação.



E eu sem vergonha sorria,

um riso torto sem graça

na tentativa de fazer charme,

fazendo pirraça,

mas lá no fundo,

lá bem escondido

realmente eu achei graça.



Na verdade

as poesias que eu mais gostos

são as descamisadas.

Daquelas que arrancam as roupas

e mostram o peito desnudo em desgraça.



Mesmo que com a idade.

Não seja bonito o espetáculo

de um peito velho e peludo

com seus pelos grisalhos

é realmente ridículo.



Quando escrevo não penso nisso

só sinto a emoção

vindo à tona vencendo a razão

sem me preocupar se realmente

está sendo ridículo ou não.



Tenho visto ultimamente

muitas poesias,

e não posso me furtar em dizer

são cansativas em sua maioria.

não deixam do mesmo assunto.



Ficam a se repetir é sempre

meu amor querido

seu sem vergonha bandido.



Tem a turma do meu amor

docinho querido

fofinho de beijo e abraço

há se eu te pego no meu laço

que também não sai disso.



E tem os da poesia sensual

que adora rimar

qualquer coisa com bunda

e vem arrancar a minha sunga

vem me sugar até tirar o meu ar

que também já perderam a medida.



E no final de tudo

pra deixar a coisa mais sedutora

Lá no final coloca a foto

de uma loira peituda

quase sempre nua

como se fosse assim

que ela anda na rua.



Isso tudo para mim são desculpas

é muita nudez

que se mostra por medo

uma nudez por vergonha.



Porque o que machuca de verdade

aquilo que se mostra de fato

o que magoa e doí

é mostrar o sentimento

que te faz de pamonha.





Dante Locateli

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